No último sábado (28), 127 blogueiros, twitteiros e usuários de redes sociais em geral estiveram presentes no I Encontro Estadual de Ativistas Digitais do Amazonas, realizado no auditório da unidade de Direito da Uninorte. A atividade contou com a participação da blogueira e representante do Centro de Mídias Alternativas Barão de Itararé, Maria Frô, que qualificou o debate sobre o papel da internet na democratização da comunicação.
A inserção do estado na campanha “Banda Larga é um direito seu” e a necessidade da produção de mais conteúdo pelos meios alternativos foram algumas das principais definições aprovadas na plenária final.
Os ativistas digitais amazonenses foram prestigiados por setores destacados da juventude e da comunicação do estado. A chefe do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Decom-Ufam), Inara, o representante da Pastoral de Comunicação (Pascom), Pe. Anselmo Dias, o representante da Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Bruno Correa, e a coordenadora do curso de Ciência da Computação da Uninorte, Auria Melo, ressaltaram a importância da luta pelo direito à internet na mesa de abertura.
A morte do líder rural Adelino Ramos, o Dinho, em Porto Velho, foi lembrada pelos organizadores. O fato impediu a participação da senadora Vanessa Grazziotin e do titular da Secretaria de Estado de Produção Rural, Eron Bezerra, que justificaram a ausência por estarem no velório do camponês. Além deles, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, César Wanderlei, não compareceu por conta de problemas de saúde.
De acordo com o secretário estadual de comunicação da UJS e um dos organizadores, Anderson Bahia, a atividade inseriu o Amazonas no debate nacional e acrescentou as peculiaridades regionais. “Chamamos atenção para o dano existente num país com grande diversidade cultural ter a população com opinião uniforme sobre assuntos variados. E apontamos a principal carência dos nossos municípios: a falta de informação que impede as pessoas conhecerem e transformarem o meio em que vivem”, afirmou.
Qualidade da internet compromete meios alternativos
“Desenvolver a blogosfera e fazer ativismo digital aqui é heroísmo”. Essa foi a constatação de Maria Frô ao conhecer a realidade dos serviços oferecidos pelas teles no estado. “O engraçado é que ninguém impediu as operadoras de trazer serviço de qualidade para cá”, provocou.
O representante da Pascom ponderou sobre os desafios que estão postos para a sociedade. “Precisamos lutar muito pela chegada do Plano Nacional de Banda Larga, já que não somos bem tratados nem como consumidores, quanto mais como cidadãos”, disse.
Particularidades da luta contra-hegemônica na comunicação
Como parte da programação, os participantes foram distribuídos nos seguintes grupos de discussões para gerar as resoluções do evento: internet e regulação, redes sociais: potencializando os movimentos e como enfrentar os barões da mídia.
Ao longo dos debates nos grupos, foram feitos vários questionamentos sobre a abordagem da velha mídia em relação a assuntos gerais e, também, a específicos da região. A cobertura tendenciosa sobre o kit anti-homofobia, sobre o imperialismo norte-americano e os ataques contra a regulamentação da comunicação se somaram a observações à respeito da necessidade de outra matriz econômica, diferenciada da Zona Franca de Manaus, da presença do capital estrangeiro no meio da floresta e os entraves que tornam o estado com o quarto PIB do país liderar índices de pobreza.
O conjunto da fala dos participantes apontou que o papel da blogosfera e dos ativistas digitais no estado precisam ocupar o vazio de conteúdo deixado pelos meios de comunicação tradicionais.